O Ibovespa iniciou junho em leve queda, em um pregão marcado pela cautela externa diante da escalada da tensão comercial entre Estados Unidos e China, e por movimentos mistos nos mercados locais.
A curva de juros voltou a ganhar inclinação com a pressão da ponta longa, enquanto o dólar recuou em linha com o movimento do índice DXY e os dados econômicos dos EUA.
No pano de fundo, a ameaça do presidente americano, Donald Trump, de dobrar as tarifas sobre importações de aço e alumínio para 50% a partir desta quarta-feira (4) reforçou o clima de incerteza global.
Na agenda local, o mercado absorveu a redução de 5,6% no preço da gasolina anunciada pela Petrobras e revisões para baixo nas projeções de inflação no Boletim Focus.
Ibovespa recua com peso de blue chips, mas Vale, Petrobras e Gerdau limitam perdas
O principal índice da B3 fechou em baixa de 0,18%, aos 136.786,65 pontos, com volume financeiro de R$ 20,8 bilhões. O movimento foi limitado por altas pontuais de Petrobras, Vale e Gerdau, que reagiram positivamente ao noticiário externo.
Apesar do desempenho positivo dessas blue chips, a pressão negativa de ações do setor elétrico, bancário e consumo freou qualquer tentativa de recuperação mais firme.
A agenda política também pesou, com o mercado monitorando declarações do ministro Fernando Haddad sobre ajustes no decreto do IOF e possíveis mudanças na CSLL.
Destaques setoriais: Gerdau lidera ganhos, elétricas e varejo caem
Na ponta positiva, Gerdau PN (GGBR4) subiu 5,14% e Metalúrgica Gerdau PN (GOAU4) avançou 5,05%, embaladas pela promessa de Trump de dobrar tarifas sobre aço, o que pode beneficiar as operações latino-americanas da companhia. CVC ON (CVCB3) também teve alta expressiva, de 4,22%.
Entre as maiores quedas percentuais do dia estiveram São Martinho ON (SMTO3), que recuou 4,82%, Braskem PNA (BRKM5) com -4,36%, e Raia Drogasil ON (RADL3), que cedeu 3,23%.
Entre as blue chips, Petrobras PN (PETR4) avançou 0,58% mesmo após anunciar a redução de R$ 0,17 no preço da gasolina para distribuidoras, a partir desta terça-feira (3). Vale ON (VALE3) teve alta de 0,88%.
Na ponta negativa entre pesos-pesados, Sabesp ON (SBSP3) caiu 1,56%, Itaú PN (ITUB4) recuou 0,71% e B3 ON (B3SA3) perdeu 1,72%.
Juros futuros fecham com inclinação, gasolina e Focus aliviam ponta curta
Os DIs encerraram o dia com viés misto. A ponta curta oscilou perto da estabilidade, com leve viés de baixa, refletindo a combinação entre a redução do preço da gasolina e a melhora nas expectativas de inflação.
A taxa do DI para janeiro de 2026 caiu de 14,796% para 14,770%, enquanto o DI para janeiro de 2027 passou de 14,13% para 14,11%.
Já os vértices longos subiram. O DI para janeiro de 2029 fechou em 13,63%, de 13,58%.
Wall Street: índices sobem com PMI fraco e expectativa de corte de juros
Em Nova York, os principais índices encerraram o pregão em alta, após iniciarem o dia no vermelho.
A virada veio com a leitura abaixo do esperado do PMI industrial, que reforçou a perspectiva de que o Federal Reserve pode cortar juros ainda neste semestre.
- Dow Jones: +0,1% (42.305,38 pontos)
- S&P 500: +0,4% (5.935,94 pontos)
- Nasdaq: +0,7% (19.242,61 pontos)
As ações de tecnologia e commodities metálicas lideraram os ganhos. O índice NYSE Arca Gold Bugs avançou 6,0%, enquanto o índice de aço subiu 3,0% no dia.
Câmbio: dólar cai com alívio em Treasuries e menor pressão externa
O dólar à vista recuou 0,77% e fechou cotado a R$ 5,6757. No mercado futuro, o dólar com vencimento em julho caiu 1,00%, a R$ 5,711.
O movimento refletiu a melhora no sentimento global ao longo do dia, após rumores de possível conversa entre Trump e Xi Jinping e a leitura fraca do PMI industrial nos EUA, que reforçou apostas em cortes de juros.
O índice DXY caiu 0,71%, a 98,7 pontos, acompanhando a fraqueza do dólar global frente às principais moedas.
Commodities: petróleo dispara com Opep+ e tensão geopolítica
O petróleo Brent para agosto disparou 2,95%, cotado a US$ 64,63 por barril. Já o WTI para julho subiu 2,85%, a US$ 62,52.
O movimento foi impulsionado pela decisão da Opep+ de aumentar a produção de forma mais moderada do que o esperado, além de preocupações com o Oriente Médio e a escalada entre Rússia, Irã e Ucrânia.
O minério de ferro negociado em Cingapura caiu abaixo de US$ 95 a tonelada, refletindo o impacto das tarifas americanas sobre o aço e o temor de menor demanda chinesa, em meio a novos atritos entre Pequim e Washington.
Fechamento de Mercado | 02-06 | Mercado abre junho em compasso de espera, entre tensão global e alívio parcial
O Ibovespa abriu junho no vermelho, em um dia de menor liquidez e instabilidade global.
No radar, seguem os desdobramentos das tarifas americanas, os próximos passos da política monetária e os ruídos fiscais domésticos.
O alívio na gasolina e na inflação ajudam a conter apostas mais agressivas de aperto, mas a visibilidade segue limitada.