Na última sessão da semana, todos os olhares se voltam para o payroll americano e o rumo da política fiscal no Brasil.
O dia começa sob expectativa elevada, depois de uma quinta-feira negativa para os mercados globais, com investidores adotando cautela diante dos sinais de desaceleração econômica e das incertezas sobre os próximos passos dos bancos centrais.
O Ibovespa recuou 0,56% ontem, aos 136.236 pontos, em meio à piora da percepção fiscal e à espera por definições sobre o IOF.
Em Nova York, o clima também foi de aversão ao risco. O Dow Jones caiu 0,25%, o S&P 500 perdeu 0,53%, e o Nasdaq recuou 0,83%, pressionado por quedas expressivas no setor de tecnologia.
Com o payroll no radar e a promessa de medidas fiscais no domingo, o mercado opera em compasso de espera, enquanto o dólar segue em queda e renova mínima de oito meses frente ao real.
Brasil: IOF segue no radar, risco fiscal pressiona e governo prepara pacote alternativo
A agenda doméstica continua dominada pelas incertezas em torno das medidas fiscais.
O ministro Fernando Haddad deve apresentar no domingo (9) um conjunto de propostas para evitar a elevação do IOF. Entre os pontos em discussão estão cortes em supersalários, revisão de benefícios tributários e mudanças no Fundeb.
Nos bastidores, chegou a circular a possibilidade de revisão dos pisos constitucionais de saúde e educação, mas a ministra Esther Dweck negou que o tema esteja em pauta.
A percepção de risco fiscal, pela primeira vez desde 2023, passou a ser mais influenciada pelo cenário externo do que pela política econômica local, segundo analistas.
No campo político, o presidente em exercício Geraldo Alckmin manteve as articulações com o Congresso sobre o tema.
A balança comercial brasileira fechou maio com superávit de US$ 7,24 bilhões, o menor para o mês em três anos.
O desempenho foi puxado por exportações de soja (US$ 5,53 bilhões) e petróleo (US$ 4,38 bilhões), enquanto as importações subiram 19,3%. No acumulado do ano, o superávit somou US$ 24,43 bilhões, com queda de 30,6%.
No setor automotivo, a produção de veículos caiu 8,3% em maio, mas acumula alta de 9,1% no ano.
Entre os destaques corporativos, a Zamp (ZAMP3) teve protocolada uma OPA pela Mubadala Capital a R$ 3,50 por ação.
A Caixa retomou o crescimento no crédito consignado, com R$ 1 bilhão liberado por mês, e registrou lucro líquido de R$ 5,8 bilhões no 1º trimestre (+133,9%).
Exterior: payroll define apostas nos EUA, BCE corta juros e tensões comerciais persistem
Os mercados globais operam com viés de alta à espera do payroll de maio. A expectativa é de criação de 125 mil vagas, abaixo das 177 mil em abril, com taxa de desemprego estável em 4,2%. O dado é visto como chave para as decisões futuras do Fed.
O relatório ADP, divulgado na quarta-feira (4), mostrou criação de apenas 37 mil vagas no setor privado, o menor nível desde março de 2023.
A reação política foi imediata, Donald Trump voltou a cobrar cortes de juros e criticou Jerome Powell nas redes sociais.
O presidente do Fed, no entanto, mantém o discurso de cautela, afirmando que os efeitos das tarifas ainda não se refletiram plenamente nos indicadores.
Na Europa, o Banco Central Europeu reduziu sua taxa básica de juros de 2,25% para 2%, após a inflação ao consumidor cair para 1,9% e diante do fraco desempenho do varejo (+0,1% em abril) e da produção industrial da Alemanha, que recuou em abril. O PIB da zona do euro cresceu 0,6% no primeiro trimestre.
Na Ásia, os mercados fecharam de forma mista, com destaque para o Nikkei (+0,49%) e Xangai (+0,04%). O Hang Seng caiu 0,48%, enquanto os mercados sul-coreanos permaneceram fechados por feriado.
A conversa entre Trump e Xi Jinping ajudou a aliviar as tensões, com a promessa de retomada das negociações comerciais.
Commodities e cripto: petróleo recua, minério avança e bitcoin oscila
O petróleo opera em queda nesta manhã. O Brent recua 0,15%, a US$ 65,24, e o WTI cai 0,22%, a US$ 63,23 o barril. O movimento reflete a cautela global com o crescimento e os dados do mercado de trabalho americano.
O minério de ferro subiu 0,86% na bolsa de Dalian, negociado a 707,50 yuanes (US$ 98,59), impulsionado por perspectivas de estímulos na China. Já o ouro recua 0,13%, a US$ 3.358,93 a onça-troy.
Entre as criptomoedas, o bitcoin é negociado a US$ 103.662, com queda de 1,1%, enquanto o ethereum recua 5,1%, a US$ 2.469,86.
Último pregão: Ibovespa cai 0,56%, dólar recua e Suzano dispara com aquisição
Na quinta-feira (5), o Ibovespa caiu 0,56%, aos 136.236 pontos, com volume financeiro de R$ 22 bilhões. A retração foi puxada pelas incertezas fiscais locais e cautela global com o payroll.
O dólar comercial caiu 1,08%, a R$ 5,5845, o menor nível em oito meses, após a sinalização de trégua entre Donald Trump e Xi Jinping. O IFIX subiu 0,01%, aos 3.448,11 pontos.
As maiores altas do dia foram SUZB3 (+6,31%, a R$ 52,90), após anúncio da compra de 51% da Kimberly-Clark por US$ 1,7 bilhão, BEEF3 (+4,90%), GGBR4 (+3,47%), GOAU4 (+3,15%) e RADL3 (+3,10%).
Na ponta negativa, destaque para HAPV3 (–5,92%, a R$ 2,70), COGN3 (–3,81%), VIVA3 (–3,74%), CSAN3 (–3,25%) e AZUL4 (–3,03%).
Em Wall Street, o dia também foi negativo. O Dow Jones recuou 0,25%, o S&P 500 caiu 0,53% e o Nasdaq perdeu 0,83%, pressionado principalmente pelo setor de tecnologia após nova queda das ações da Tesla.
Abertura de Mercado | 06-06 | Payroll no centro do radar e foco no ajuste fiscal brasileiro
A sexta-feira abre com os mercados globais monitorando atentamente os dados de emprego nos EUA, que podem redefinir as apostas sobre juros.
No Brasil, a deterioração fiscal continua sendo o principal vetor de risco, com investidores aguardando as propostas alternativas ao IOF prometidas para os próximos dias.