As atenções desta quarta-feira se dividem entre Brasília e Washington, com investidores reagindo ao impasse fiscal no Brasil e à escalada tarifária dos Estados Unidos.
A agenda internacional traz dados relevantes do mercado de trabalho americano e o Livro Bege do Federal Reserve, enquanto no Brasil o adiamento do IOF expõe dificuldades na articulação econômica e renova incertezas sobre o ajuste das contas públicas.
O Ibovespa tenta dar continuidade à recuperação iniciada na véspera, com o dólar em queda e o petróleo operando em leve alta.
No noticiário corporativo, a Azul dispara com especulações de reestruturação, a Nvidia lidera o valor de mercado nos EUA e o Banco Pan sobe em meio a rumores de incorporação pelo BTG.
Brasil: IOF adiado, indústria desacelera e foco na agenda fiscal
O governo federal prorrogou para 25 de junho o início da cobrança do IOF de 5% sobre aportes mensais acima de R$ 50 mil em planos de previdência privada tipo VGBL.
A medida, que entraria em vigor hoje, foi adiada por meio de portaria publicada nesta terça-feira (3).
O ministro Fernando Haddad afirmou que apresentará alternativas de arrecadação a líderes do Congresso no domingo (8), em meio à resistência parlamentar e ao desgaste político com o setor produtivo.
A produção industrial brasileira subiu apenas 0,1% em abril frente ao mês anterior, abaixo da expectativa de 0,3%, interrompendo uma sequência de dez meses de crescimento na comparação anual, com queda de 0,3%.
Ainda assim, o resultado marca o quarto mês seguido de alta mensal.
O FMI elevou a projeção de crescimento do PIB do Brasil para 2,3% em 2025, após missão técnica no país, e estimou que a inflação convergirá à meta até o fim de 2027.
No ambiente político, persistem críticas à condução econômica, enquanto a divulgação do Pix Automático pelo Banco Central é vista como positiva para o mercado financeiro, com a promessa de redução na inadimplência.
Exterior: tarifas dobradas, dados do emprego nos EUA e Europa dividida
Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump oficializou o aumento das tarifas sobre importações de aço e alumínio de 25% para 50%, medida que entra em vigor hoje e afeta diretamente o Brasil, segundo maior exportador de aço para o país.
A medida reforça a tensão comercial global e adiciona cautela ao cenário externo.
Os índices futuros em Wall Street operam em leve alta nesta manhã, à espera do relatório de empregos da ADP, do PMI de serviços e da divulgação do Livro Bege pelo Fed. A semana ainda reserva os pedidos de auxílio-desemprego na quinta-feira e o payroll na sexta.
Na Europa, as bolsas operam sem direção única. O DAX se aproxima de máximas históricas com expectativa pela aprovação de um pacote fiscal na Alemanha, apesar da contração no setor de serviços, o PMI alemão caiu a 47,1 em maio. O Stoxx 600 avançava 0,59% pela manhã.
Na Ásia, os mercados encerraram em alta generalizada. O Kospi liderou com +2,66% após a vitória da oposição nas eleições na Coreia do Sul. O Nikkei subiu 0,80%, o Hang Seng avançou 0,60% e o Xangai Composto teve alta de 0,42%.
Commodities e ativos: petróleo sobe, minério avança e bitcoin recua
O petróleo segue em leve alta. O WTI é negociado a US$ 63,52 (+0,17%) e o Brent a US$ 65,72 (+0,14%), impulsionados pela expectativa de cortes na produção e tensão geopolítica.
O minério de ferro subiu 1,37% em Dalian, a 704,50 iuanes (US$ 97,79), revertendo a queda recente. Já o ouro recua 0,27%, cotado a US$ 3.349,38 a onça-troy.
O bitcoin opera em baixa de 0,75%, cotado a US$ 105.527,25.
Último pregão: Ibovespa sobe 0,56%, dólar cai e Azul dispara
Na terça-feira (3), o Ibovespa encerrou o dia com alta de 0,56%, aos 137.546 pontos, interrompendo uma sequência de quatro quedas.
As maiores altas foram AZUL4 (+8,79%), MGLU3 (+7,44%), CSAN3 (+6,09%), NTCO3 (+5,18%) e YDUQ3 (+5,05%). Entre as quedas, destaque para JBSS3 (–3,38%), RDOR3 (–3,04%), BEEF3 (–1,56%), RADL3 (–1,39%) e BRKM5 (–1,23%).
O dólar comercial caiu 0,70%, encerrando o dia cotado a R$ 5,6358. O euro recuou 1,35%, a R$ 6,4069. O IFIX avançou 0,27%, aos 3.454,18 pontos.
Em Nova York, as bolsas estenderam os ganhos. O Dow Jones subiu 0,50%, aos 42.519,64 pontos, o S&P 500 avançou 0,58%, aos 5.970,37 pontos, e o Nasdaq ganhou 0,81%, aos 19.398,96 pontos.
Abertura de Mercado | 04-06 | IOF adiado, tarifas dobradas e expectativas com o Fed
A quarta-feira abre com o investidor equilibrando as tensões tarifárias globais, a agenda intensa de indicadores e os ruídos fiscais internos.
A prorrogação da cobrança do IOF oferece alívio momentâneo, mas mantém a incerteza sobre o ajuste fiscal.
No exterior, os mercados reagem às falas do Fed, à força do emprego americano e à escalada comercial liderada por Washington.